O museu como arma de resistência e memória de uma favela

Por Denise Bergamo da Rosa Paralela a Avenida Nossa Senhora do Carmo, ao lado de um conjunto de apartamentos de classe média conhecido como “Belvedere”, á frente de uma barragem conhecida como Santa Lúcia, lá no alto, onde disputam espaços no aperto da passagem entre os becos e vielas: “kinder ovos” (coletivos que circulam na favela) carros, motos e gente, se chega ao “Beco da Santa Inês”. Neste Beco há, como venho vendo nesse curto espaço de tempo que ando pelos movimentos culturais nas periferias, um muro e nele um lindo grafite “esculpido” pelo artista da favela Santa Lúcia, o famoso “Pelé”, que identifica o Museu de Quilombos e Favelas Urbanos de Belo Horizonte, o “MUQUIFU”. Nele fui rever uma grande escritora,

Ser mulher, uma resistência diária

Por Gizele Martins [dropcap color="#660000" font="arial" fontsize="40"]R[/dropcap]esistência é a primeira palavra que me vem à cabeça ao lembrar da mulher, ao lembrar de todas as mulheres faveladas, negras, mães, trabalhadoras, estudantes, lutadoras. Dia 08 de março é considerado o Dia Internacional da Mulher, mas é mais que necessário um dia para lembrar o quanto o número de meninas, de crianças, de adolescentes, de jovens e de mulheres que são violentadas todos os dias pelo fato de serem mulheres. Nós temos que todos os dias lutar contra esta sociedade do espetáculo e machista que põe sempre o corpo da mulher em um simples outdoor, fazendo dela, fazendo de nós meras mercadorias para que alguns lucrem com o nosso próprio corpo. Só no Brasil,

O “INQUÉRITO DO BLACK BLOC”

A reportagem a seguir que apresentamos é uma produção da Agência Pública - agência de reportagem e jornalismo investigativo da qual somos parceiros. Conheça a história do inquérito 01/2013, do Deic, em São Paulo, que já intimou 300 pessoas para depor e busca enquadrar o Black Bloc como associação criminosa. Por Bruno Fonseca, Ciro Barros, Giulia Afiune e Jessica Mota Na quinta-feira, dia 20 de fevereiro, o telefone tocou na casa de Pedro*. O jovem não estava e quem atendeu à chamada foi a sua mãe, que recebeu, surpresa, a informação: Pedro estava intimado a comparecer ao Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo (Deic), no sábado seguinte, às 16h, para prestar esclarecimentos. Já na residência de Lucas*, a Polícia Civil convocou

Coletivo Lutarmada Hip Hop sobre os Projetos de Leis 3/2011 e 6756/2013.

Tramitam no Congresso dois Projetos de Leis (3/2011 e 6756/2013) que pretendem declarar o Hip Hop como “manifestação de cultura popular de alcance nacional”, além de regulamentar as “profissões” que integram essa cultura. O debate sobre os PLs já ganham corpo nas redes sociais. Analisando parágrafo por parágrafo, artigo por artigo, há muito que se questionar. Porém, para o Coletivo de Hip Hop Lutarmada há uma discussão importantíssima que é anterior ao conteúdo dos Projetos de Leis, inclusive pra entende-los melhor. O que significa o Estado reconhecer o Hip Hop? Quem é um, e quem é o outro? O Hip Hop carece desse reconhecimento? Pra quê? Que interesses o Estado teria em regulamentar uma cultura que nasceu para, entre outras coisas,

Hipóteses sobre o real: Movimentos em cena ou encenam?

Por Denise Bergamo Que a curiosidade e a banca de apostas estão em ebulição, nenhum cientista político, sociólogo ou curiosos como eu,  podem negar. O ano que veio a passar por entre os brasileiros deixou um legado? Há um comum acordo sobre o que foi e o que virá a ser? Mas será que virá a ser? No sentido de continuidade e constância? O silêncio parcialmente instalado, na verdade está mais para o abafamento do som que ainda ecoa nas periferias brasileiras via movimento de bases, é um sinal de um recuo estratégico, para o retorno ao centro? O que se esperar do ano de 2014, mas alguém está esperando algo dele? Houve mesmo uma prévia do que será que será? O ano de 2013 foi

BURguesia, BURocracia e Instituições: A etimologia por trás do contexto

Por Denise Bergamo da Rosa Segundo Saussure, entre outros lingüistas e antropólogos, qualquer palavra poderia servir de significado a qualquer coisa, mas por questões das esferas: social, histórica, cultural, religiosa e política não o são. A assertiva indica que estou estudando bastante ou que estou tentando passar a imagem de alguém culta. Deixando de lado as tensões ideológicas, sempre presentes nos discursos, retomemos o ponto de raciocínio. A trama que se faz, perpassando por todas essas esferas constituem as palavras e delas a formação e constituição de um poder. Poder que se dá pela palavra, também. Não pregaremos nada aqui e muito menos relacionaremos a neurolinguistica com nosso tema, estamos no momento mais para Focault que para Macedo. A palavra como meio para as