Edd Wheeler, A Diva do hip hop carioca

Edwiges Tomaz mais conhecida como Edd Wheeler, atua no movimento hip hop desde 1992, quando criou com sete amigas o grupo “As damas do rap”. Na mesma época integrava a ATCON – Associação Atitude Consciente, entidade constituída por artistas de Hip-Hop da época. Atualmente divide a carreira de rapper com a de advogada, integra o grupo “Rap da saia” e é presidente da “Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop”. Aos 39 anos, a Diva do rap carioca continua na luta pela inclusão da mulher no movimento e pelos direitos da mulher na sociedade como um todo. Leia a primeira parte da entrevista concedida pela rapper ao “Polifonia Periférica”. 

PP – Como você descobriu o rap e o que mais te atraiu nele? O que o rap representa para você?
Edd Wheeler Fui apresentada para a cultura hip hop em 1992 nas reuniões feitas no CEAP pelos grupos constituídos naquela época. DJ TR e Big Richard foi que nos convidou a integrar um grupo onde somente homens sisudos, com instintos revolucionários e com toda força contra a política dos anos 90 encontrou na musica a sua bandeira para mudar e consertar a evasão do Estado perante o compromisso com a sociedade e as favelas. O questionamento sobre políticas públicas eficazes nas mãos de jovens afro descendentes atraiu meu pensamento e me fez realmente estudar o conteúdo e o objetivo da cultura hip hop.O rap é a maneira mais rápida,a nível de comunicação de atingirmos os jovens de qualquer classe social em uma linguagem universal.colocá-los a pensar e fazê-los criar opiniões justificativas e criticas pelo a vida que é oferecida.

PP – Sua trajetória como rapper começa em 1992. Como era ser uma rapper há 19 anos, e quais as maiores dificuldades que você enfrentou no começo?

Edd Wheeler – Nossa!!! haja obstáculos naquela época…rs…primeiro precisava demonstrar que dominava o assunto que tinha total empoderamento e conhecimento.Prestei muita atenção,li muito,perguntei muito e com pessoas que em 92/93 amavam falar e ter debates e tal:Gilmar (Artigo 288-RJ),GOG (DF),Lamartine e Zeze (NE),Sharylanie e Cris Lady Rap (SP),Clodoaldo(Resumo do Jazz – SP),Mv.Bill,TR e Big Richard (RJ)…muita gente….e depois o outro passo:como mulher criar credibilidade e respeito neste meio.As letras melhoraram,as bases enriqueceram e a mente fluía com novas pegadas.Graças a Deus conquistei o meu espaço.Realmente com 19 anos era tudo mágico:os seminários e os congressos me mostravam jovens que queriam tirar dos ricos e dar aos pobres….rs…. é uma fase em que a mulher é preparada para casar,para ser dona de casa e eu estava ampliando minha mente para uma jornada de liberdade,independência e autocrítica.é muito louco lembrar disso!!!Acredito com total clareza: minha formação enquanto jovem e fase adulta deu um rumo diferente da estatística dadas as mulheres jovens,negras e pobres.

PP – Quais foram as mais fortes influencias no início de carreira? O seu trabalho hoje ainda trás marcas dessas influências?

Edd Wheeler- Com certeza na resposta acima falei dos rappers que me influenciaram e depois mais amigos agregaram minha formação:Rubia,Thaide,Cambio Negro,Rose Mc entre outros.Hoje meu trabalho em tem uma mistura de tudo que escuto e não se resume somente a rap,eu gosto de MPB,rock e amo R&B.

PP – Você escreveu uma página importante da história do hip hop no Brasil como integrante do grupo “As Damas do Rap”, contribuindo para quebrar barreiras e preconceitos. Como você analisa esse legado deixado pelas “As Damas do Rap”? Ele vem sendo bem aproveitado pela nova geração de meninas rappers?

Edd Wheeler – As Damas do Rap quebrou várias barreiras: saímos do baile charme,nossas bases eram dançantes e não criticávamos a política.Pelo contrario:tínhamos ciência de que nós enquanto cidadãs deveríamos assumir a responsabilidade de mudar com ações positivas também.Mandávamos bem, a mídia abraçou a cara com sorrisos e no final conseguimos usar roupas femininas e mostrar que lugar de mulher era no hip hop carioca.Com a nossa insistência e aceitação pelo Brasil,todas as rappers que vieram depois continuou este legado.

PP – Ser rapper para você é?

Edd Wheeler – Ser consciente, contribuir para a melhoria da sua comunidade com ações em prol ao coletivo. É ensinar e educar de forma positiva essa garotada que precisa de um ícone, de uma referencia demonstrando que a vida deles pode ser mudada,só basta que os seus sonhos se tornem realidade com os seus esforços.

PP – Novos projetos?

Edd Wheeler – Acabei de gravar meu novo álbum e que desta vez to atrás de um selo e uma distribuidora. Os sons contam com a expertise de Andre Gomes, Bonceo DJ e Mr.Break, Kibara MC também segurando o rap e dividindo letras e a maior novidade que estou compondo e tá saindo várias melodias que espero agradar o meus fãs charmeiros.

PP – Que recado você daria a uma mulher que quer ser rapper hoje?

Edd Wheeler – Você não deixa de ser mulher quando entra no hip hop,somente agrega mais uma função.Mas como sempre somos postas á prova então quando o microfone estiver nas suas mãos e aberto para você mande o seu recado!!Hoje estamos nos fortalecendo na FRENTE NACIONAL DE MULHERES NO HIP HOP-FNMH2….Venha entender essa reunião pelo Brasil todo e faça parte da família.

http://www.myspace.com/eddwheeler/music

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