Uma pequena historieta sobre privilégios e falta de empatia

Por Karina Vieira Há um ano eu estava em um encontro de uma grande editora com a única colunista mulher de uma certa revista da imprensa marrom. Lançamento do seu novo livro, e é sempre importante esse contato com os livreiros, afinal eu era uma daquelas que indicam livros para os clientes que chegavam, as vezes, sem saber muito que livro levar. A colunista começa a falar sobre a atual conjuntura política, diz que o livro não é um ataque a ninguém, mas que de uma certa forma, é a visão dela sobre a contemporaneidade. Dá a sua opinião sobre a forma errônea e desrespeitosa com que os professores são tratados e pasmem: chega no tema cota. Numa sala onde estavam três mulheres

Ser mulher favelada é resistir dia a dia!

Por Gizele Martins São os muros que nos cercam, são os tiros que atingem os nossos filhos, são as nossas casas que nos são tiradas dia a dia, somos arrastadas pela polícia. Ser mulher e favelada é lutar e resistir diariamente a uma vida que nos obrigaram a ter só por causa do espaço que nascemos, moramos e da cor que esta maioria tem. Ser mulher e favelada é ser obrigada a lutar diariamente porque a escolha de ficarmos caladas, esta nunca foi nos dada, já nascemos para gritar, nascemos literalmente gritando contra esta sociedade desigual! Descer o morro, andar pelas ruas da favela, resistir às upps, aos tanques guerra, a falta de saneamento e calçadas que não existem, já é uma enorme

Ainda vejo Lynch vencendo

Por Skel Vozes Todos o dias estamos lutando contra o racismo, tendo que driblar os negros da Casa Grande. Ainda vejo Lynch vencendo... O que eu tenho a falar pra vocês, irmão e irmã, que dizem que "estamos vendo racismo em tudo" ou que "não passa de mimimi vitimista" é que, por favor, fiquem na sua! Se não luta com a comunidade, a gente respeita! Agora não venha nos atrapalhar e diminuir a luta. E se você nunca sofreu por racismo (o que é impossível, porque quando um negro sofre, toda uma categoria sofre junto!) não venha tirar a legitimidade de quem já sofreu. Respeito seu direito de se isentar da luta por igualdade, mas exijo que você respeite meu posicionamento diante

Senhor (Carta aos homens bons)

Por Flávio Antiéticos Em nome de todos os homens negros desse país, sem exceção, queria pedir desculpas aos homens brancos!! Desculpa por termos queimado suas plantações, desculpa por ter quebrado suas correntes, desculpa por ter destruído seus arames e cercados, desculpa por fazer você ter gastos com aquela nossa calça branca, com a água escassa e suja que bebíamos e a ração que comíamos, desculpa por te acordar tantas vezes com meus berros de dor enquanto o capataz (por sua ordem) nos chicoteava no tronco, me desculpa por tentar me livrar daquelas amarras enquanto açoitava minha mãe, me desculpa por morrer ao reagir contra você por ter estuprado minha esposa, filha e ter arrancado na faca as entranhas de meu filho! Me

POLÍTICA DAS POLÍCIAS

Por Flavio Antiéticos Adolescentes até vai, mas quando ouço um adulto branco dizer "na época da ditadura" rs.. é de nervoso mas eu gargalho por dentro pensando "na moral, o egoísmo e a ignorância chegam a tal ponto que eles acreditam mesmo que há uma democracia agora..." Cresci e me criei sem pai numa favela chamada Nova Brasília - Complexo do Alemão e na minha vida inteira presenciei, testemunhei, assisti, vivi várias intervenções militares. Algumas vezes o bope entrou na minha casa, outras vezes o exército... Esculacho da polícia era rotina, já fui, já vi sendo e tudo no sapato que era pra não levar preocupação pra minha mãe q trabalhava o dia inteiro. Essa polícia que nos mata todo dia, toda hora,

De onde você fala e pra onde vc vai? Qual é o seu CEP cognitivo ou endereço psicológico?”

Por Flavio Antiéticos Todos nós somos colonizados, não exercemos plenamente nossas capacidades humanas no que se refere ser um ser humano africano. Embora também ninguém é comédia ou ingênuo de não saber que essas patologias, esses agravantes, nos atingem em diferentes níveis. Sendo assim, é mais uma vez lamentável, deplorável, ver negras e negros se fazendo valer de teorias europeias para tentar resolver o problema dos africanos. Nossos ancestrais percorreram por uma rua bem parecida com a que hoje a gente percorre e deixaram suas impressões, anotaram suas análises e suas memórias, identificaram problemas que até então facilitariam a percepção dos próximos que viessem a atravessar essa rua. mas entre nós a doença é tão gritante, a patologia é tão profunda que