Num mundo em que os 15 minutos de fama previstos por Andy Warhol, chega cada vez a mais pessoas, ele não previu que para isso, também seriam criados invisíveis sociais, paralelamente.
E para as redes sociais, o desejo de ser notado geram lucro e desejo para muitos que andam abaixo do sol digital.
Some isso à várias invisibilidades que são discutidas no mundo contemporâneo e temos o novo álbum do rapper pernambucano Licio Gomez, chamado “O Pária não Para”.
Passados quase Um ano de seu último lançamento, a Mixtape “Lima Golf”, o rapper volta com um álbum conceitual de dez faixas no qual o Pária representa aquela pessoa inserida no invisível, seja ele social, digital ou mesmo na percepção do papel que representa na vida. E ao longo das faixas, Licio vai destilando esse conceito, ora objetivamente ora subjetivamente, e até mesmo as faixas que soam mais leves, contém uma acidez e ironia típicas do seu trabalho ao longo da sua carreira.
Esse álbum traz uma parceria mais sólida entre o rapper e o produtor Thiago Honorato (Orquestra Imaginária), com colaborações mais simbióticas entre os dois, resultando num visível amadurecimento tanto nos beats quanto nos arranjos das faixas. Um disco que soa com influências mais vanguardistas, com pitadas de Industrial, Tecno e até mesmo uma Psicodelia que permeia o trabalho, somado ao bom e nunca velho Boombap.
Também veremos influências de subgêneros menos conhecidos do Rap, como o Phonk e até mesmo células rítmicas mais sincopadas, que desafiam a acomodação, gerando métricas interessantes para o ouvinte.
O próprio Licio gerou visualizers (vídeos em loops temáticos) legendados, para cada faixa do álbum, além de um mini documentário e um faixa a faixa, oferecendo uma experiência completa ao ouvinte.
Perto de completar 47 anos, o novo velho rapper se desafia para trazer uma mensagem na qual a maioria dos artistas procuram não alertar para seu público, mas um Pária não perde, porque não tem nada a perder. E sendo um, talvez encontre em meio aos ouvintes, seus pares para assim mostrar que não se consegue calar várias vozes soando em uníssono.
O Pária nunca estará só.
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