Você conhece a rede #RapResistênciaViva?

“Rap Resistência Viva” é um movimento 100% independente que nasceu da união de idéias das produtoras culturais do Rio de Janeiro Nayara Diniz e Adriane Fernandes. A organização, que fomenta a união de artistas do movimento Hip Hop de diversas localidades, teve sua estréia oficial no dia 24/03 e conta com muitos colaboradores que, entre doadores e divulgadores, já incluiu nomes como BNegão, Drik Barbosa, Uni-Ka, além de outros artistas e das frentes organizadoras de diversas rodas culturais no estado, ampliando a rede de alcance. Até Domingo, 29/03, a arrecadação foi de R$ 400,00; até quinta, 02/04, o valor já chegou a R$1.581,29, que foram revertidos em cestas básicas personalizadas destinadas a 10 casos prioritários, que são acompanhados de perto pela equipe da campanha. Estas cestas levam em conta a presença de grupos de risco nas famílias assistidas, como crianças, idosos e outras pessoas que necessitam de cuidados especiais na alimentação.

Devido à quarentena, muitos artistas independentes e suas famílias ficaram sem renda e com o emocional abalado. A rede surge dessa necessidade de unir o movimento e dar suporte aos casos emergenciais que se encontram em extrema vulnerabilidade, sem a mínima condição de ter um isolamento digno.

Segundo Nayara Diniz, a organização prefere manter o anonimato dos artistas que estão recebendo ajuda, pois a exposição não é uma situação confortável para ninguém. Cabe lembrar, principalmente, que nos últimos anos as letras de rap/trap/funk no Brasil valorizam – em demasia – um determinado padrão de vida que está muito distante da realidade de muitos brasileiros. A produtora e assistente social explica que uma das beneficiadas vem da Baixada Fluminense e é mãe de uma menina de 11 meses. Mãe e filha ficaram 2 dias sem alimentação e vêm sendo socorridas pelo projeto. A artista de rua se sustentava com apresentações em transportes públicos e agora suas atividades estão impossibilitadas. Essa situação também ocorre com outro jovem que é pai e está sendo acompanhado pela rede. Entre outros, um mestre de cerimônias em roda cultural de grande relevância no estado do Rio de Janeiro tem passado as noites dentro de um carro, na rua. Sem ver assegurado o seu direito a moradia desde o início da pandemia, ele perdeu qualquer acesso a fontes de renda e vem tendo dificuldade até para se alimentar.

O contato das idealizadoras são os seguintes:

Adriane Fernandes
Instagram @drikalizando
Whatsapp 21 973244124

Nayara Diniz
Instagram @naydiiniz
Whatsapp 21 98203-1580

A conta para doação é:
Banco 212
Ag: 0001
Conta: 2876760-8
CPF: 179.668.037-08

Adriane Fernandes Freire

O movimento não se resume a doações apenas, mas também a ações de fomento à cultura. Através de um grupo de WhatsApp, as interações entre artistas independentes, sobretudo do Rio de Janeiro, têm sido intensas e a página @rapresistenciaviva, no instagram, disponibiliza conteúdo oferecendo espaço para músicos através de lives marcadas com frequência diária. Os participantes do projeto que se apresentaram ao vivo até agora foram DJ Drika (RC do Centenário), DJ Rafa Militão (FM O Dia de Manaus/AM), Sahell (StuffaCoffe, “primeiro Coffeeshop de favela do mundo”), Xandy MC (Pac’stão), Aika Cortez (São Gonçalo) e Afrodite Bxd. Mas não pára por aí: a agenda tem shows marcados para as próximas duas semanas, todos os dias às 16:20h.

Outra forma de arrecadar e expandir o alcance artístico do Hip Hop independente foi o lançamento de uma rifa. Por R$ 5,00 concorre-se a um quadro do grafiteiro Mano Beiço. Todo o dinheiro arrecadado vai para o fundo da campanha e é revertido em assistência para necessitados.

Nas palavras de Nayara:

“É um momento delicado de preservação da vida onde se faz necessário incentivar práticas de solidariedade. O corte de verbas em áreas essenciais para a sobrevivência dos trabalhadores, como saúde, educação e assistência, causou em 4 anos um aprofundamento da desigualdade e levou a novas configurações sociais. Diante da pandemia, sentimos na pele os efeitos da Emenda Constitucional 95. Não queremos permitir mais 16 anos de congelamento dos gastos, mas também não podemos ficar de braços cruzados no momento em que artistas passam dias sem alimentação, sem produtos de higiene ou moradia; portanto, a solidariedade também tem sido um ato de resistência e de posicionamento contra o que vem sendo defendido pelo Governo Federal, esse mesmo que não apresenta nenhuma alternativa para a sobrevivência de profissionais do setor da cultura.”

Fiquem ligados na página da campanha, ajude com doações e divulgação e não deixe de atender aos mais necessitados. O momento pede união e responsabilidade acima de tudo. E site agradece a atenção das idealizadoras convidando você a se aproximar desta rede.

Matéria por Gustavo Silveira, a.k.a Caliban, Mosca Produções, Polifonia Periférica, em parceria com a produtora cultural e assistente social Nayara Diniz, Roda Cultural da Central, Central Explana, RapResistênciaViva.

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