Rodrigo Ogi e niLL refletem sobre o espírito do tempo em “Manual para não desaparecer”

niLL e Rodrigo Ogi por @mouco_fya

Assinando a produção do disco, dupla pensa caminhos para fugir do caos cotidiano em cima de k-pop, samba, rap e outros gêneros contemporâneos

Todo mundo está cansado de saber que não é fácil viver atualmente. O que todos lutam diariamente para encontrar é alguma prática para atenuar o peso da existência e entender maneiras de contornar os percalços da vida humana. Pensando nisso, niLL e Rodrigo Ogi se juntam em “Manual para não desaparecer“, novo álbum da dupla que propõe formas de lidar com as mazelas do planeta que a raça humana habita. O disco já está disponível em áudio em todas as plataformas de streaming e com visualizers no YouTube.

O novo álbum serve como um guia sonoro para acompanhar o ouvinte tanto em dias bons quanto nos complicados, fugindo completamente da estética de rap autoajuda de best seller duvidoso. As músicas funcionam como pequenos mantras e lembretes de que as coisas não são fáceis, mas que há como se esquivar dos problemas cotidianos e não deixar que o mundo te engula, fazendo com que as pessoas sumam. As reflexões também se defrontam, sem querer querendo, em como se manter relevante dentro de uma indústria musical dominado por números falsos e injeção massiva de dinheiro em algoritmos.

Manual para não desaparecer é a constatação do espírito de seu tempo e o acalanto aos deméritos de um sonho frustrado de décadas passadas: de que o futuro seria interconectado e livre. O angustiante mundo atual, controlado por inteligências artificiais que moldam a maneira como o ser humano raciocina, não é o fim do mundo. A percepção do tempo que muitos conheceram em uma era offline e que hoje foi alterada e acelerada, não é o fim do mundo. As relações interpessoais menos duradouras e profundas, não é o fim do mundo. E o passar da vida pelos apps coloridos, piscantes e cognitivamente perigosos, não é o fim do mundo. No fim, nada é o fim do mundo.

niLL e Rodrigo Ogi partem dessa premissa para mostrar que há alternativas ao modo como se vive e que ninguém está sofrendo sozinho: existe solução aos males do mundo e para a dor que aflige a todos. Em letras que apontam possíveis caminhos de equilíbrio entre a felicidade e a tristeza, os rappers contam histórias que vão da frustração amorosa à sensação de estar livre em um rolê no sábado à noite, esbarrando na conceituação do tempo e no peso da necessidade constante de prosperar a qualquer custo. Tudo isso com suas características: Ogi cria pequenas narrativas esmiuçando a língua portuguesa e, em alguns momentos, a extrapolando; niLL se encarrega de imprimir seu flow autêntico e se inspirar em animes e videogames para contar suas histórias.

A produção do disco, assinada por ambos, transita entre as influências da dupla desde suas estreias solos com Crônicas da Cidade Cinza e Regina. O rap underground dos anos 1990 e 2000 se encontra com o samba, o k-pop, as aberturas de animes, o lo-fi e o house. A maior parte dos beats foi feita por niLL e Rodrigo Ogi, com Cravinhos (Maria Esmeralda), DJ Miya B, Munhoz (Professor M. Stereo), DJ Noveset, Ryan Beats, Sono TWS (Febre 90) e Tiago Ticana (guitarra) contribuindo. O álbum também tem participação de Jamés Ventura, Matéria Prima e Roberta Estrela D’Alva. A mixagem e a masterização são do CESRV (Brime).

A foto de capa Manual para não desaparecer foi tirada por Mouco Fya (@mouco_fya), o designer é o Sosek One (@sosek.one) e o lettering é do Marcos Müller (@cosmar.art). O fotógrafo também assina a direção, captação e edição dos visualizers do álbum.

Manual para não desaparece – capa

 

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