Disco dos Racionais MCs entra na lista do vestibular da Unicamp

Por Luccas Oliveira

Divulgada no início da tarde desta quarta-feira, a lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular 2020 da Unicamp teve a inclusão de alguns títulos, mas um deles chama especial atenção: o disco “Sobrevivendo no inferno”, do grupo paulistano Racionais MCs, entrou na categoria poesia, ao lado de “A teus pés”, da escritora Ana Cristina Cesar, e de sonetos de Luís de Camões.

— “Sobrevivendo no inferno” é um ótimo livro de história — comemorou KL Jay, DJ do grupo, o primeiro integrante a ficar sabendo da novidade. Segundo a assessoria dos Racionais, “todos gostaram muito” da notícia.

De acordo com o site da Unicamp, “a nova lista de obras inclui romance, poesia, peça teatral, conto, diário, e letras de música, entre outros gêneros, a fim de levar o vestibulando a ampliar o seu campo de estudos, sem sobrecarregá-lo no volume de leituras. (…) As obras inseridas para o Vestibular 2020 possuem relevância estética, cultural e pedagógica para a formação dos estudantes do ensino médio”.

— Nos chamou a atenção a questão da valorização da cultura da periferia proposta pelo disco — explicou o professor José Alves de Freitas Neto, coordenador executivo do Vestibular Unicamp. — É uma obra que traz o olhar ácido e crítico dos Racionais e continua relevante. E ela mescla várias referências, o que é uma característica da literatura, trazer referências de outros discursos.

Lançado em 1997, “Sobrevivendo no inferno” é considerado o marco da consolidação do rap no Brasil — o álbum teve mais de um milhão de cópias vendidas, com letras que denunciavam o racismo e a falta de perspectivas para quem vive na favela.

É a primeira vez que o vestibular da Unicamp inclui em sua lista de leituras obrigatórias uma obra musical.

— Podemos (incluir outros álbuns no futuro), sim. O Brasil tem uma cultura musical muito forte e acho que podíamos valorizar mais essa extensão que a literatura permite. Uma característica do nosso vestibular é a multiplicidade de linguagem — afirmou o coordenador.

Fonte/Texto: Jornal O Globo

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