Pedagoginga tem Elniño, que além de rapper é educador popular e pedagogo falando com muita propriedade sobre o sistema de educação sob a perspectiva racial. A música conta com as participações do MC carioca Sant, que faz o mesmo recorte sobre a ótica de um jovem suburbano, e de KMKZ que com sua voz marcante aproxima o refrão da espiritualidade africana muito característica dos trabalhos de Thiago. O instrumental da faixa ficou por conta do paulista Scooby e a produção é do Coletivo Casa.
A Rotina do Pombo, disco que será lançado no dia 01 de fevereiro, e traz participações importantes da música urbana nacional como Rincon Sapiência, Sant, Douglas Din, Raony e Keops da banda Medulla, entre outros, é o primeiro disco de Thiago Elniño. Trazendo um conceito baseado na analogia entre os cidadãos pretos e pobres de periferia e os pombos, aves que ocupam o perímetro urbano e são vistas como pragas, o disco conta a historia de Sem Nome, jovem negro periférico que sonha em ser música enquanto descobre sua espiritualidade, lida com problemas familiares e sustenta-se com um subemprego.
Junto ao disco, será disponibilizada uma plataforma/ galeria virtual onde serão expostos trabalhos de artistas negros de diversas linguagens fazendo suas leituras do conceito do disco, o que torna o trabalho mais que só um disco, mas uma experiência inovadora no campo de empoderamento de artistas negros.
Ao ser questionado sobre a temática da música Thiago Elniño declarou:
Hoje eu me enxergo como um educador popular, um mediador de conteúdos que tem o rap como difusor maior desses, eu atuo diretamente dentro de escolas a quase 10 anos e isso é o que garante o meu sustento, mas o que motivou e eu ir parar nesse área foi justamente o sistema tradicional de educação ter falhado comigo, e mais que isso ter me prejudicado muito, principalmente psicologicamente quando sempre reproduziu sentenças e faltas de possibilidades para que eu homem preto não me enxergasse com as mesmas possibilidades de alcançar a dignidade que um homem branco tem. Então eu resolvi cursar uma faculdade de pedagogia para tentar contribuir para que a escola não fosse tão ruim com a molecada quanto ela foi comigo, e foi uma escolha errada, apesar de ser importantíssimo que ocupemos quanto homens e mulheres pretas todos os espaços “positivos” possíveis, digo errada no que diz respeito a inocência de achar que naquele lugar estaria recebendo as informações que precisava, por que estando a faculdade dentro desse mesmo sistema, em sua maioria ela reproduz os mecanismos que vão preservar a desigualdade. Essa música fala disso, fala dessa angustia e de como em pratica eu to tentando contribuir utilizando o rap, por que foi o rap que mediou boa parte das informações que construíram o melhor de mim!”
Sobre a participação de Sant e KMKZ, Thiago Elniño disse:
“Convidar um musico para uma faixa minha passa em primeiro a música por si só tê-lo convidado, e é ótimo quando a música convida alguém que eu tenho muita intimidade e amizade como é o Sant que é talvez hoje o MC que eu mais presto atenção no trabalho a nível nacional, acho ele um ser humano e artista incrível. O Mestre Kami eu conheço a uns 10 anos e a gente teve um encontro musical muito importante que gerou um carinho muito forte entre ambos durante esses anos e. ele chegou engrandecendo muito esse som com a voz unica, forte e com muita energia dele, ou seja, mensagem importante sendo passada na companhia de amigos importantes”.
Ficha TécnicaLetra: Thiago Elniño e Sant
Voz: Thiago Elniño, Sant e Kmkz
Beat: Scooby
Guitarra: Leandro Vilela
Percussão: Tolen
Produção e Masterização: Guga Valiante, Martche e Tolen
Masterização: Jorge Luiz Almeida
Ilustração: Finho
Fotografia: Leonan Claro
Identidade Visual: Guilherme Kozlowski