O Despertar pelo Hardcore: banda Cínica estreia com o EP ‘Acorde’ e vídeo de ‘Labor’

Banda paulistana lança clipe de “Labor” e inaugura trilogia de EPs focada em saúde mental e crítica ao trabalho opressor.

Em um cenário musical muitas vezes saturado por estéticas milimetricamente planejadas, a banda paulistana Cínica surge como um ponto de dissonância necessária. Oficialmente formada em 2025, a banda de hardcore melódico busca na filosofia cínica — não o deboche vazio, mas a recusa das convenções e o enfrentamento da realidade nua — a matéria-prima para sua identidade.

O grupo acaba de lançar o videoclipe de “Labor”, faixa que compõe o EP de estreia intitulado Acorde. Longe de ser apenas mais um material promocional, o clipe se apresenta como um documento visceral da rotina da banda. Ao mesclar bastidores de estúdio com a crueza das apresentações ao vivo, o registro visual abdica de artifícios para focar na entrega física e no esgotamento que a criação artística demanda.

A Crítica ao Desempenho

A temática central de “Labor” toca em uma ferida aberta da contemporaneidade: o impacto corrosivo do trabalho na saúde mental. Em um mundo que quantifica a existência por meio de métricas de produtividade, a Cínica questiona a transformação da vida em mera meta corporativa. O hardcore melódico aqui não serve apenas para o mosh pit, mas como veículo para reflexões existenciais e políticas, abordando desde a ansiedade sistêmica até o sentimento de não-pertencimento.

Uma Trilogia de Urgência

Acorde é o primeiro passo de uma trilogia de EPs programada para 2025. Composto por duas faixas, este trabalho inaugural coloca a saúde mental no centro do debate sonoro. Como o próprio título sugere, o EP é um chamado à consciência — um esforço para manter os olhos abertos mesmo quando o cansaço acumulado convida ao entorpecimento.

Com um som direto e “não domesticado”, a Cínica se posiciona como uma promessa interessante para quem busca um hardcore que não oferece respostas fáceis, mas que obriga o ouvinte a encarar o ruído do próprio cotidiano.

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