Misturando punk, indie e crítica social, quarteto curitibano consolida retorno com trabalho que navega entre a agressividade e a melodia.
Após um hiato forçado pela pandemia e uma reestruturação necessária, a banda curitibana olga rosa (assim mesmo, em minúsculas) consolida seu retorno à cena independente com o lançamento de seu primeiro EP, intitulado “Encruzilhada”. O trabalho, que chegou às plataformas no final de novembro de 2025, é um retrato sonoro das contradições da juventude contemporânea, costurando influências que vão do punk visceral ao indie etéreo.
Formada em 2019, a olga rosa carrega em seu DNA a efervescência cultural de Curitiba. O grupo — composto por Caetano Mitczuk (bateria), Daniel Schmitz (guitarra e voz), Manuel Valdes (baixo e voz) e Osmar Buzinhani (guitarra solo) — sobreviveu ao isolamento social mantendo o diálogo criativo vivo em outros projetos, culminando em uma reunião que pareceu menos um plano e mais uma inevitabilidade.
Sonoridade: Entre o Conformismo e o Caos
O EP “Encruzilhada” apresenta quatro faixas que funcionam como recortes de uma mente saturada por estímulos urbanos. A abertura com “Medida Errada” dita o ritmo: um instrumental acelerado que serve de base para letras que orbitam a incerteza. Já em “Trapaceiros e Manequins”, a banda exercita a crítica social ao abordar a alienação laboral através de melodias que alternam entre o brilho do pop e a claustrofobia do shoegaze.
Um dos pontos altos do registro é a versão definitiva de “A Foto Sai Borrada e Tremida”. A faixa, que já havia ganhado destaque na mixtape de 15 anos do blog Hominis Canidae em sua versão demo, explora a “Síndrome de Estocolmo Digital” — a dependência tóxica das redes sociais — sob uma ótica melódica e acessível. O fechamento fica por conta de “Rarefeito”, um mergulho no hardcore punk que resolve as tensões do EP com agressividade e uma reflexão sobre a autossuficiência.
Trânsito Livre nas Cenas
A versatilidade da olga rosa tem se provado nos palcos. Recentemente, o grupo circulou por espaços icônicos da capital paranaense, como o 92 Graus, dividindo o palco com nomes do metal (SUFFFER e Apollogia), e o É Dino Cultural, em uma noite mais voltada ao indie e ao alternativo. Essa capacidade de transitar entre nichos — do peso do hardcore ao “clima” do shoegaze — coloca a banda como um dos nomes mais interessantes da nova safra paranaense.
Produção Independente
Mantendo a ética Do It Yourself (DIY), a produção de “Encruzilhada” foi gerida pelos próprios músicos. Enquanto os vocais e baterias passaram pelos estúdios Basilisk e Parquinho, as cordas, a mixagem e a masterização ficaram a cargo da banda, garantindo que a crueza e a identidade do projeto fossem preservadas.
Com planos já traçados para 2026 e uma agenda de shows em expansão, a olga rosa deixa claro que “Encruzilhada” não é apenas um título, mas o ponto de partida para uma banda que aprendeu a transformar a dúvida em urgência criativa.
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Ouça o álbum “Encruzilhada”
