Com letras que já circulam no meio literário, a banda se prepara para lançar o primeiro single e um projeto inovador de “plaquete/EP de riffs/poemas”.
Nascida em meio às restrições da pandemia, em meados de 2020, a banda Ezúmia emerge do ABC Paulista (Ribeirão Pires, Mauá e Santo André) com uma proposta audaciosa que promete expandir as fronteiras do heavy metal nacional. Longe de ser apenas mais um grupo de metal, a Ezúmia se posiciona como um projeto de “heavy metal e poesia”, traçando uma ponte inusitada e culturalmente rica entre a sonoridade extrema e a vanguarda literária.
O diferencial central da banda reside na sua escolha lírica. Com todas as composições em português, as letras são profundamente influenciadas pela literatura, sobretudo pela poesia brasileira contemporânea. O foco, no entanto, não é o cânone tradicional, mas sim a produção de poetas deslocados dos grandes centros – aqueles que assumem uma postura de contestação a programas totalizantes, conservadorismos e estruturas engessadas da arte e da sociedade. Em um cenário onde muitas bandas de metal se apegam a clichês fantásticos ou temáticas góticas, a Ezúmia aposta no discurso engajado e na crítica cultural inerente à poesia contemporânea, elevando o peso de sua música também ao campo intelectual.
O Material em Gestação e a Conexão com a Literatura
A Ezúmia, formada por Felipe Medina (guitarra), Paulo Medina (bateria) e o escritor Ricardo Escudeiro (voz/baixo), segue em fase avançada de composição. O trabalho sinaliza que o lançamento de um primeiro single está próximo, mas as ideias do trio vão além do formato convencional.
Entre os projetos em vista está a criação de uma plaquete/EP de riffs/poemas, um conceito que sugere a fusão direta entre o esqueleto musical e a estrutura poética, incluindo participações de poetas.
A seriedade do projeto lírico já rendeu frutos no meio literário. A letra de “Espelho“, uma das composições da banda, foi selecionada e publicada na edição 13 de O Casulo, um jornal de poesia brasileira contemporânea com distribuição gratuita. Outras faixas já adiantadas incluem títulos sugestivos como “Ossário“, “Livro dos fracta“, “Holograma” e “Animais provisórios“, confirmando a inclinação da banda para uma estética complexa e abstrata.
Com esta base, a Ezúmia se estabelece como um nome para ficar de olho, prometendo injetar uma dose de densidade cultural e crítica na cena do heavy metal brasileiro.
