KayBlack lança o álbum “A Cara do Enquadro” misturando dores e glórias

Álbum conta com as participações de KLJay, Mc Hariel, LPT Zlatan e Kyan

Kayblack expõe seu lado mais visceral em “A Cara do Enquadro”

Enquadrar (v.t.d.):

  1. Emoldurar.
  2. Conter em seus limites.
  3. Reter (suspeito) para averiguação.

No dicionário, o verbo passa quase despercebido — frio, técnico, inofensivo. Mas, dependendo de quem lê, ele tem outro peso. Porque quem já foi enquadrado sabe: muitas vezes, o complemento desse verbo transitivo direto não sobrevive à ação.

Se, no Brasil, o enquadrado tem rosto, cor e jeito, Kayblack quer mostrar a sagacidade de quem caminha no fio da navalha diariamente. Em seu álbum-manifesto “A Cara do Enquadro”, que chega às plataformas no dia 31 de julho, via Warner Music Brasil e GR6, o artista mergulha profundo em suas origens para dialogar com um país. O resultado é um projeto catártico, com 10 faixas que misturam dores e glórias, fé e revolta, em uma estética musical poderosa, plural e, sobretudo, negra. Ao seu lado, ainda colaboram nomes como KLJay, MC Hariel, LPT Zlatan e Kyan. 

No texto de introdução, Kayblack já adverte: “somos mais que estatística, mais que estereótipo, somos multidão”. Para, em seguida, se unir ao KLJay, integrante do grupo Racionais MC’s, e provar que a solução (que também atrai problemas) de diferentes gerações negras continua sendo o “Maldito Papel”. Como ele versa no estilo boompab: “Levanta cedo e vai atrás / Procure sempre ser voraz / Disposição pra querer mais / Mais, mais dinheiro” 

A faixa-foco do projeto, o trap “Concreto e Aço”, resume bem a era atual do artista: reforça a sua conduta e fé inabaláveis, apesar do cotidiano ser um campo minado — onde não se pode escorregar. Relatos emocionantes de gratidão, superação e fé também são vistos no funk paulista “Eis Me Aqui” e em “Eu Sei Bem”. Conquistas são celebradas, como em “Pretona” (feat. Kyan) e no drill “Nego da Paz” (feat. LPT Zlatan). E ele ainda se imagina no lugar de quem já foi preso em “Visita”.

O culto ao corre, sem perder o foco, está em “Sagacidade” (feat. MC Hariel) e em “Cartas na Mesa”. Esta, a última faixa do disco, é uma música eletrônica, que parece coroar toda a versatilidade desse artista que não pode ser enquadrado – literal e metaforicamente. A canção pulsante amarra a ideia de multidão presente na intro: é o ritmo das vidas negras que estão soando, sobrevivendo e resistindo. É como se, ao final do disco, Kayblack não estivesse mais sozinho.

Essa é a nova era do artista, em que vive um personagem real: ele mesmo. Uma estética que vaza da música para o corpo, do corpo para todo o conceito visual. Ele transforma o espaço do enquadro em lugar de fala; a contenção vira contação; e o quadrado, onde foi forçado a caber, vira palco, em que se movimenta com liberdade, pois hoje consegue construir sua própria história. Não é só um disco — é uma travessia, cheia de riqueza para os fãs atravessarem junto dele.

Como Kayblack comenta: “esse álbum é sobre viver no limite, mas com cabeça erguida. Sobre ter que ser mais esperto, mais rápido, mais forte o tempo todo — não porque a gente quer, mas porque o sistema obriga. Cada faixa é uma vivência minha, mas também de vários que tão aí fora no corre, tentando não virar estatística. ‘A Cara do Enquadro’ não é só minha cara, é a cara de um povo inteiro que cansou de ser lido só pela lente do medo, da violência, do estereótipo. É sobre mostrar que, mesmo enquadrado, por policiais, por celas, por dinheiro, a gente segue criando, sonhando e resistindo”.

Tracklist:

01 – Intro (Prod. Wall Hein)
02 – Maldito Papel feat Dj KLJay (Prod. Wall Hein)
03 – Concreto e Aço (Prod. Wall Hein, Yokame)
04 – Eis Me Aqui (Prod. Wall Hein, NarcBeats)
05 – Visita (Prod. Wall Hein, zoionobeat)
06 – Nego de Paz feat LPT Zlatan (Prod. Wall Hein)
07 – Eu Sei Bem (Prod. Wall Hein)
08 – Sagacidade – feat. MC Hariel (Prod. Wall Hein)
09 – Pretona – feat. Kyan (Prod. Wall Hein, CVSTRO)
10 – Cartas na Mesa (Bônus) (Prod. Wall Hein)

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