O Trap mortal de Licio Gomez e A Orquestra Imaginária na faixa Quem Corre Corre

O crime e suas faces, motivos, consequências e desdobramentos. Dia a dia de muitos, seja como usuário, fornecedor ou apenas expectador de algo tão corriqueiro hoje em nossas vidas, mas nem por isso menos preocupante ou alarmante.

Com um Trap que lembra em sua melodia jogos vintages de 8 ou 16 bits (ganhando assim o subtítulo de “Trap Gear”), dialogando bem com o peso dos graves característicos de seus beats, o produtor Thiago Honorato, mais conhecido nos ouvidos como A Orquestra Imaginária, também coloca sua voz e visão nessa faixa junto com Licio Gomez, trazendo cada um,  suas perspectivas e personagens abordagens literárias diferentes de cada um, do que acontece no submundo das drogas, com suas particularidades.

Como se fosse duas estórias que pertencessem a uma mesma série, a primeira parte, traçada por Licio, traz o tráfico em seu dia a dia, o cotidiano desse mercado, sem se preocupar em trazer respostas, apenas nos apresenta o pragmatismo do personagem e o foco dele em manter seu negócio “correndo a mil”.

Na segunda parte, A Orquestra Imaginária nos revela ponderações sobre a vida no comércio das drogas, motivos para o embarque em tal jornada e até soluções ou amortecimento para o aumento do tráfico. Talvez soe como pretensioso, mas vivenciar as ruas é ver o problema com uma lupa. Estatísticas nem sempre oferecem um panorama seguro de qualquer problema.

As rimas de Licio e Honorato nessa faixa soam secas, diretas e às vezes abstratas mas conseguem sintetizar o que propõem ao questionar o quanto você se permite analisar o meio que te cerca ou que se vive. Não é possível mais jogar a realidade pra debaixo do tapete. Ou dá. Nessas horas entendemos o ciclo dos entorpecentes na sociedade.  Tão sedutores quanto as melodias que permeiam nos Traps em geral. Deve ser essa a intenção incidental das mesmas.

Conforme nos disse Licio, ele segue lançando singles no decorrer dos meses até fechar uma nova mixtape para esse ano, sem título ainda revelado, porém ele avisa que ainda vem muitas participações de artistas pernambucanos pela frente em suas músicas e nem todas são necessariamente do meio do Hip Hop do estado. Vamos aguardar o que vem por aí e enquanto isso, vamos nos entorpecer com o trabalho desse dois cronistas da ruas.

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