RESENHA: “Tungstênio” – Inquérito

                 O ano de 2018 começou quente e o grupo Inquérito veio com o pé na porta lançando seu novo álbum “Tungstênio”. O grupo dispensa apresentações, mas para quem não tá ligado nesse clássico da cena nacional, vale destacar que estão na correria desde 1999 colecionando clássicos, indicações a prêmios e feats de alto nível. Desta vez não foi diferente, todas as faixas contaram com participações especiais que variaram entre diversos estilos, desde Rashid e Diomedes Chinaski até Zeca Baleiro e Tulipa Ruiz.

                Com muitos anos de caminhada o grupo vem se mantendo original e contemporâneo, a produção do disco foge da curva do que vem sendo lançado na cena e ao mesmo conseguiram manter a cara e a seriedade que o grupo sempre teve com temáticas compromissadas e pertinentes em relação a situação do país e do Rap nacional. Muitos arranjos orgânicos mesclados com programações eletrônicas deixaram a cara do disco bastante atual e variada, com momentos distintos dentro do álbum. Destaque para a faixa 1 “EAÊ” com participação de Pop Black com uma pegada que misturou rock e uma influência tribal, me fez lembrar um pouco o estilo da música “Boa esperança” do Emicida. Destaque também para a faixa 4 “Barras de ouro” com a cantora Dadona que teve uma influência do trap na programação da bateria, mas misturou um estilo clássico de R&B com um tecladinho leve e um refrão gostoso e suave feito pela participante. Ainda assim, o meu instrumental preferido foi o da faixa 8, rap clássico e pesadão, ainda contou com participação especial de um timaço vindo diretamente da África com Mynda Guevara, Yorubá e MCK e pra fechar o som completaram o beat com um solo de metais lindo no final, muita classe.

                O instrumental da faixa 5, “Histórias reais” com nova participação de Pop Black, Diomedes Chinaski e Nicole veio com uma cara de trap mais clássico, mas não perde pra nenhum dos sons que vem batendo na pista por aí… Diomedes não deixou por menos, linhas pesadas, mas a Nicole veio rasgando tudo e fechou o som com muita personalidade, swingue e raiva no flow. Das participações que mandaram versos de rap no disco, na minha opinião, Rashid, Nicole e Mynda Guevara foram os destaques.

                O conceito do álbum foi bem amarrado, os temas e os beats se interligam, ainda há uma costura entre algumas faixas com uns interlúdios que dão dicas sobre o título da obra que caíram como uma luva para deixar o ouvinte esperto. Quem espera um rap com flow monstro talvez não seja muito agradado, a proposta do disco não é essa, mesmo assim a levada não ficou para trás dos beats e, se a sua vibe for dessas, ouça a faixa “Pega a visão” com participação do Mato Seco que aí você não vai se arrepender.

                Obrigado pela atenção e boa degustação sonora, voltamos em breve com mais resenhas sobre os últimos grandes lançamentos da cena ou sobre clássicos que você não pode deixar de ouvir.

Resenha por Gustavo Silveira aka Caliban, Mosca Produções, Polifonia Periférica

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