Penumbra, Bianca Hoffmann & Alice Dee fazem pronunciamento existencial no clipe ‘Transição Milenar’

No dia 18 de fevereiro de 2018 o estúdio 1204 lança a faixa “Transição milenar” que vem como um pronunciamento existencial de 4 mulheres. Penumbra de Mogi das Cruzes integrante do grupo “As Lavadeiras” junto com a mc Sarah Key de Mogi das Cruzes – SP, que aparece pela primeira vez com seu trabalho solo prometendo contribuir muito ao rap em sua jornada. Bianca Hoffman de Ponto Grossa – Paraná, integrante do grupo Philliaz, que além de falar sério no clipe com suas rimas, também editou o clipe trazendo a atmosfera que a mensagem pediu. Alice Dee, mc de Berlin (Alemanha), arte-educadora e produtora de áudio. Todo ano vem ao Brasil e já rimou com muita gente, como Sandrão RZO, Kamau, Matéria Rima, dentre outros. E Lúcia Diniz, que captou as imagens e somou na força, é videomaker, atriz e mãe, resistência e força.

A música perpassa diversas mensagens que ainda que separadas, se ligam no trajeto, formando uma história. Penumbra inicia os trabalhos com uma conversa interna, tratando do desfazer das ilusões do ego expressando o código de uma experiência pessoal. ” Após, traz a atenção “Ta vendo várias bruxa véia se encontrando pra rimar? Não é tendência no mercado é transição milenar” verso que retrata um movimento de retomada onde as mulheres se encontram, se reconhecem e percebem novamente sua força. Seja a força material, a força de realizar, seja a força espiritual que cura e transborda e que sempre trouxe muito medo aos homens e a qualquer sistema de manipulação. Afinal, mulheres foram queimadas por exercer um poder natural, intuitivo, mas também material, enquanto se erguia um sistema de poder totalmente baseado na força e na manipulação psíquica.

Bianca Hoffman, faz analogias entre a natureza externa e a interna, citando dentro e fora e questionando o posicionamento do ser, diante de tanta informação “onde eu me encaixo nisso”. Manifesta também de onde vem sua força diante da desordem. O rap, as rodas de freestyle, que foram seu berço desde o início, é impresso nas imagens e também em sua letra “toda vez que eu perco o foco, observo as movimentações e poesias que me diz que eu posso”. Após, deixa também a sua mensagem de incentivo “Dê vida a sua loba, vai luta. Dê vida a leoa vai caça”, afinal, é na natureza selvagem que se descobre a força ancestral de um ser, sobretudo nós, mulheres.

Alice Dee traz questionamentos do início ao fim quando inicia sua letra com “A página está vazia, mas a cabeça está cheia”, ela questiona a forma que o valor é atribuído na existência. ” Você vê as moedas e fala das estrelas”. Questiona esse poder instaurado pela força e a manipulação mental a qual fomos submetidos. Ela diz “Você quer estar no topo pra assistir as cabeças rolarem” onde mora esse poder? Ele vem de dentro ou ele é uma criação humana? Questiona o estado e suas hierarquias mecânicas. E finaliza colocando a poesia como libertação dessa prisão e diz:- “Como máquinas, cuspo palavras que agora compartilho com você. É seu corpo, sua mente, suas ideias pare de viver em casas de vidro. Queda livre, queda livre, libertamos-nos no outono, queda livre”.

 A faixa foi produzida por Andrés Camargo (DJ Peruano) que produziu o instrumental, mixou e masterizou a faixa. Andrés tem uma musicalidade notável e um olhar clínico muito peculiar para o áudio. Eis o resultado dessa linda parceria!

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