Mulheres debatem ‘ser ou não ser escritoras’ em ciclo literário no Itaú Cultural

Transexualidade e diferentes formas de se fazer literatura também estão em pauta no encontro com Kika Sena e Janaína Moitinho; Conversa é mediada por Jéssica Balbino

“Ser ou não ser escritor?!”. A pergunta que assombra quem está com a gaveta cheia de escritos é o que move a pauta desta quarta-feira (26) às 19h no Ciclo Margens, que acontece no Itaú Cultural, no centro de São Paulo e recebe como convidadas a poeta Kika Sena, que vive em Brasília (DF) e a poeta e pesquisadora paulista, Janaína Moitinho.

O encontro tem curadoria compartilhada entre o Itaú Cultural e a jornalista Jéssica Balbino, que também vai mediar a conversa. Ter poemas na gaveta é ser poeta? Participar de slams – e propagar a tradição oral – faz de alguém literato? Esta mesa discute o que define uma pessoa como escritor. O tema vai levar para o debate o que torna alguém escritor, se a publicação de um livro, ou outras formas de fazer literatura, como a oralidade, os saraus, os slams e os zines. 

“A ideia é trazer para o debate pessoas que fazem diferentes tipos de literatura. A ideia é entender que literatura vai além do grafocentrismo de ter que ter um livro publicado, com registro, ISBN, etc. Não que isso não seja válido e/ou importante, mas existem outras formas bem plurais de se pensar e realizar a literatura”, disse Jéssica Balbino.

KiKa Sena

A escolha das convidadas também revela a multiplicidade dos encontros do ciclo. Kika Sena é poeta e slammer, transsexual,  vive em Brasília (DF) e vai publicar o título “periférica”, com prefácio de Amara Moira, ainda neste mês com a padê editorial, uma editora formada por mulheres negras e que prioriza publicar autores negros e LGBTs, com livros feitos de maneira artesanal e sem atender às regras do mercado editorial.  Já Janaína Moitinho é autora de zines, trabalha com educação e atua em diferentes coletivos literários da capital paulista e também do Sul de Minas Gerais, sem nunca ter publicado formalmente.

“É uma preocupação, mas também uma escolha, trazer poetas que fujam do que é usual, do que está na moda,  dos grandes centros. Se vamos discutir literatura periférica, precisamos entender como ela ocorre em diferentes espaços, com pessoas comuns, mas que a fazem de formas que não são usuais. Acho que fomos felizes na montagem desta programação. Tivemos dois encontros e foram riquíssimos. A conversa desta quarta-feira tem tudo para ser bem interessante também”, destacou Jéssica Balbino.

Já passaram pelo ciclo Margens os autores Allan Jonnes, que vive em Aracaju (SE) e Raquel Almeida, que é de Pirituba, zona Oeste de São Paulo, bem como Letícia Brito, que vive no Rio de Janeiro (RJ), é poeta, slammer, gorda e vive da venda de zines em diferentes espaços, inclusive nos trens e dona Jacira, que é poeta, faz bordados, planta chás no quintal de casa e luta para ser mulher negra na sociedade.

Conheça as autoras

Janaína Moitinho é poeta, educadora e aprendiz. Participa de saraus da cena paulistana, sempre ouvindo e compartilhando. É uma das organizadoras do Slam do Grito. Publicou zines e participou de várias antologias, entre elas a Senhoras Obscenas. Ainda não publicou.

Kika Sena é poeta, slammer e performer. Vive em Brasília (DF) e participou, em 2016, do Slam BNDES na Festa Literária Internacional das Periferias (Flupp), no Rio de Janeiro. Transexual e feminista, milita nessas questões e se considera escritora, mesmo antes de ter publicado. Estuda artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB).

Serviço
O quê: Ciclo Margens
Quando: Quarta-feira (26) às 19h
Onde: Itaú Cultural
Endereço: Avenida Paulista, 149, São Paulo – SP
Informações: bit.ly/ciclomargens
www.margens.com.br  

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